quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Metamorfose

"O decorrer dos dias nunca foi tão surreal como está sendo nos últimos meses, eu sei. Existe o tempo, desejo, prazer, ilusão e fato. Equilíbrio, talvez. Dias sim... dias não."


Ontem era a explosão da fusão entre o sabor do melão com queijo, de algo diferente. Hoje, infelizmente tornou-se fugaz quando as horas caminharam em passos apressados e desalinhados. Foi diluindo-se; transformando-se pelo sabor de outros elementos constantes e desajustados à sua fórmula, que outrora era tão promitente e singular. Seu valor transformou-se também, regrediu. Agora vale como lembrança - em fato, lembrança de uma pequena percentagem do que realmente era. Eis o problema de iludir-se com o desejado e de matar a realidade com suas próprias mãos.
Previsível, apenas foi a sensação do amargo, nunca quis acorda-lo, só cantarolar melodias doces para ele, em sua cama coberta de algodão e plumas brancas que, além de tudo, era protejida por uma torre revestida de marfim e produzida de medo.

Existem buracos na atmosfera. Existem, eu também sei. Buracos nas ilusões da alma, mas também na objetividade de suas palavras - mortas.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Arjuna

"É prisioneiro não só de suas palavras,
mas também de seus pensamentos.
"


O pudor de alcançar o inevitável atinge parte de todas as esquinas, com seus respectivos membros deslocados e lacrados por palavras limitadas, cheios de pontos e vírgulas. Pontos não são tão interessantes. Embora sejam relevantes, não gosto de usá-los com frequência. Não gosto de encerrar, é entediante demais. As expectativas dissolvem-se por causa dos pontos, restando apenas ilusões e distrações paralelas.
Com a vírgula é diferente. Ela separa mas não finaliza. Nunca irá finalizar. E, por que deveria? Estamos em crescimento, sempre em crescimento. Não devemos obter conclusão para nossa essência ainda em processo de amplitude. Somos vácuo, apesar de tudo. Por que não querer preenchê-lo com todo o mundo? Engolir o mundo e saborear cada um de seus minúsculos pedaços e digeri-lo aos poucos para alcançar o inevitável, ou seja esquecer os julgamentos determinantes e consequentemente adaptar-se ao meio da vida, sem pudor de ser tudo e querer ser tudo, afinal somos um.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Butoh

"Pipa no ar, de papel crepom
Grito de torcida
Minha alma está solta"


Quando a poesia que percorre em sua alma, alcança a superfície de seu corpo e de todos os membros existentes nele, você pode transbordar o Butoh. Butoh é uma dança contemporânea japonesa orginalmente conhecida como dança das sombras. Recupera a vitalidade do corpo e esmaga as tensões do cotidiano. A essência do Butoh é proporcionar o máximo de sensações possíveis, criando vínculo entre o manipulador da arte e o universo em volta dele, fazendo-o perceber cada linha de seu corpo e todos os seres, vivos ou não. É quando os limites de expressão acabam e você passa a compreender mais o sentido de sua vida e seus anseios de felicidade ou tristeza. Talvez, seja quando você encontra a pureza do mundo.
Inicialmente, interessei-me pelo Butoh por conta do filme "Kirschbluten: Hanami" - que assisti ontem. O filme envolve-se com cenas chocantes de demonstração da complexidade e simplicidade dessa dança tão exótica a um par de olhos brasileiros. Olhos, que provavelmente não irão esquecer da poesia viva que presenciaram - Até tentei realizar alguns movimentos, mas não tive muito sucesso.
Talvez por ter trocado de teto e paredes, era o que eu estava procurando ontem, algo novo. necessitava de algo para acompanhar o novo cenário. A paisagem agora é verde. Me satisfiz, enfim. E, acho que adiquiri mais um desejo, assistir alguma apresentação de Butoh e fazer algo que me envolva mais com as formas do universo, além das minhas alucinações na beira rio, preciso de algo como Yoga ou Joshin Kokyuu Ho.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Irreverência

"Hoje o tempo não passa
Não transborda, nem grita
Ele para - entediado."

Entretido, então está o tédio. Tão generoso, saltando para todos os lados - silenciosamente - e abraçando todas as formas... vestindo-se de deus.
Tornou-se feroz em pouco tempo e agrediu sem piedade a tela de cores, jorrando o branco em sua forma - agora deformada. Não houve tempo ou algo para enfrentá-lo de forma digna e justa. O Sol não esteve nítido o suficiente para ofuscá-lo, causando a ausência do nascer de mais um crepúsculo avermelhado e lilás, que não pôde se apresentar às estrelas, a tempo de avisá-las que hoje deveriam aparecer de qualquer maneira. Estrelas, que agora dormem e afundam-se em um véu negro e belo.

Hoje, o tédio é curinga.


ps: Estou mudando de casa. Isso significa ficar sem conexão durante seis dias. Deseje-me sorte, q.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Do nada e Por nada

A sinopse - mesmo que detalhada - não é satisfatória, só atrativa. Não é a realidade do conto ou da fábula. É como ler as 40 primeiras páginas de um livro, que é quando você se apega aos traços de personalidade, gostos e gestos de certo personagem e sente-se conectado a ele. Quando a imagem real está mesclada com muito amor e delicadeza, desequilibradamente. Nesse esboço, a realidade passa com vestes claras à olhos devoradores de novidade e prazer que já estão iluminados e cansados de cores similares. O que provoca no final dessa página a sensação de suavidade e hortelã - o prazer do novo. É então quando você percebe e diz para você mesmo, baixo ou euforicamente em sua mente "eu vou querer guardar essa sensação para sempre". E por que não? É tão deliciosa, cada segundo dela é tão livre de superficialidades e problemas... - claro - os problemas começam na 100ª página, quando o personagem torna-se claro, e sua personalidade também - mas estamos muito longe disso, ainda. Esse prazer, nos estimula a extrair de cada segundo, um sorriso de nossa face, um sorriso bobo, porém decidido e que necessita de um sorriso recíproco. Sem medo para sentir, feridas para curar... por isso é tão bom, por estar livre de mínimas e microscópicas formas de julgamento. É, enfim o prazer de amar pela beleza do gesto.


"Você já amou

pela beleza do gesto?
Você já mordeu
a maçã com todos os dentes?
Pelo sabor do fruto,
a sua doçura e seu gesto
Já se perdeu algumas vezes?"

"Sim, eu já amei
Pela beleza do gesto.
Mas a maçã era dura,
e quebrei os dentes.
Essas paixões imaturas,
esses amores indigestos
Deixaram-me mal disposto algumas vezes"

Alex Beaupain



E, embora se trate do mesmo tema, a MARIA tem algo diferente a oferecer a vocês. Com romantismo, talvez - coisa que não apareceu necessariamente por aqui hoje.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Fluxo


Pessoas que me fazem querer um lençol marrom, café ou chocolate quente, são as melhores. Geralmente parte das pessoas que me proporcionam essa inesgotável fonte de prazer, são os velhinhos - risos. Velhinhos me fazem querer viajar em um balão amplo, com um cobertor marrom e uma caneca verde cana. Me fazem querer saltar após chegar lá em cima - liberando a ilimitada sensação de liberdade - e flutuar com um paraquedas que vai de olho a olho - meu sorriso largo e estranho. Beirut é outra fonte, sempre me deixando inspirado e consequentemente frustrado por não conseguir o que eu quero na hora desejada, mas não importa. Sempre será assim comigo e com todos nós. Desejando e desejando... sem medir ou criar piso. Sou grato por isso. Grato a beirut, aos velhinhos inspiradores e ao marrom e verde, que me deixam tão confortável e estimulado intelectualmente. A propósito, essas cores me fizeram lembrar meu curta favorito:
La Maison en Petit Cubes - quem tiver a oportunidade, assista.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Fadas em conserva... um bom espelho

Vida: E sabe, quando você sente fadas e gnomos correndo por suas veias e decide que eles nunca parem de correr e dançar sob tua pele? Exato, também não quero que acabe. Não quero que acabe a melodia ou as conversas que levam horas - leves. Não aceito... inquestionável. Sentidos são de fato o que mais valorizo, não há como perde-los. Por isso, gosto da veracidade do realismo, da paixão do romantismo e da beleza do surrealismo.
Fato: Hoje, 03 de Fevereiro. Dia de sol, muito sol - Descobri que quando existe uma ladeira e você tem que caminhar nela diversas vezes, parece "fazer" mais sol ainda. Icone - produtora onde continuo no meu estágio de edição gráfica - nada demais para fazer - dia longo e cansativo. Casa, água. Lavo-me - sem sucesso - tentando tirar os vestígios de um dia chato. Computador, Beethoven, Internet - Brenda não quer me ensinar como colocar link no perfil do orkut da forma bonitinha, Maria decide sumir - acompanhando Patrícia, que está longe - E Alisson resolve fazer piadinhas sobre o casamento de Camila - onde serei um Pajém, q. - Resta a fuga, filmes - olho minha pasta de download e encontro tudo que precisaria para hoje, mas não há paciência para os filmes em uma Quarta-feira exaustiva.

- E então, o que fazer? Deveria comer? mais? - pergunto.

- Não, não devo. Eu deveria pesquisar sobre ansiedade... estou começando a achar que de fato sou mais ansioso do que deveria
- respondo.


- De fato, é preocupante... o Doritos terá que esperar
- concluo.


Enfim, aguardo a quinta e sempre... a sexta.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Êxtase

"Vem lançar o disco paralelo.
(E na capa) flores no teu cabelo, flores no teu cabelo.
Nada vai mudar."

Meu bem é o prazer - redundância, oi? - O prazer de sentir a profusão de cores do caminho de casa até a beira rio, rasgando em minha face, a crosta indiferente formada pelos dias que se passam. Com cores inconstantes eu passo a viver e a sentir tudo... até mesmo a formiga mais simples e minúscula encontrada por trás das folhas espalhadas pelo chão áspero e desprezado, pelos pés dos pedrestes de Itabuna. Sim, é o que me faz bem. Sabe, feliz e humano? Completo... É mais útil do que filmes - as vezes. É quando eu me sinto desconectado dessa cidade tão oposta. Quando passo a acreditar e formar meu universo paralelo. Quando provavelmente sou considerado como estranho. Sim, é o que me faz bem. Até hoje eu só encontrei uma pessoa, filme e anime que transmitissem isso também. Enfim, estava com vontade de compartilhar. Vamos dançar, agora.

Dependência

"E não há o que esperar,
Há o que sentir."

Há o que sentir. Eu sinto a segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e o domingo. Sinto meus amigos, família e trabalho. Sinto-me... - sinto-me ofuscado. Por pessoas com seus problemas e paixões... suas realizações, seus temores. Por toda a consideração que ligam os laços selados por palavras e conforto. Ofuscado pela utopia que anseio. Afinal, quem seria tão contraditório ao ponto de preferir os sonhos do que a realidade? Quando mudará e se tornará... verdade?