terça-feira, 23 de março de 2010

"Voltou a dormir. Não queria acordar."

Não sabia o que se passava. Em minutos atrás sua face contornava prazer. Agora, mostrava-se infiel a seus resquícios de felicidade. Temia que nada iria seguir da forma planejada, e que provavelmente voltaria atrás, ou inventaria qualquer desculpa. Além de que, sabia que limites encontravam-se atrás de seus desvaneios, mas não queria acreditar neles. Talvez fosse por medo ou amor. Mas, independente da forma que imaginasse, isso era simples. Dependia apenas do reflexo do céu em sua alma. Pois as frases que possuia, lacradas em seu armário, já não eram mais claras, embora fossem puras. Decidiu enfim, prosseguir com seus novos contornos faciais. E, se eles desaparecessem no outro dia, era sinal de que algo novo inundaria sua rotina antes do esperado.

Dia certo para coisas invisíveis - foi o que pensou.
- Não consigo te ver - Sibilou, enquanto encarava-se no espelho.
- Okay, não pode ser tão dramático assim. Se esta manhã úmida não me revelar com sua claridade, ainda tenho a tarde e a noite. E, ainda posso tentar conversar com o Sol e a Lua. Digo tentar... porque eu sei que não encontrei um balão apropriado para elevar meus anseios. Ainda deve restar algum tempo para eu encontrar o mais exótico dos balões... antes de pirar - suas últimas palavras não soaram em sua mente como pareciam em teoria. Foi amargo.

Largou o espelho. Arrastou-se para a cama desarrumada. Voltou a dormir. Não queria acordar.

2 comentários:

  1. E ainda espero o cometa azul.
    Não desista de encontrar o mais exóticos dos balões.

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  2. 'E, se eles desaparecessem no outro dia, era sinal de que algo novo inundaria sua rotina antes do esperado...'

    Nossa!
    Adorei ;)

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